Ipaporanga. Prejuízo ou benefício? Esse questionamento faz parte do cotidiano da população deste Município há quase dois anos, quando os moradores param para avaliar a construção da lagoa de estabilização, uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não que a população seja contrária a obra. A polêmica ocorre em função do local projetado para o equipamento. A denúncia partiu da Associação Beneficente, Cultural e de Desenvolvimento de Ipaporanga (ABCD).
De acordo com a entidade, a construção da obra na zona urbana prejudica os moradores adjacentes e os alunos da Escola de Ensino Médio Maria Vieira de Pinho.
A construção da Lagoa de Estabilização é parte de um projeto do Sistema de Esgotamento Sanitário, do PAC, tendo como concedente a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no valor R$ 2,6 milhões.
"A lagoa está localizada na zona urbana, totalmente habitada, e a 20 metros da Escola Maria Vieira de Pinho, construída para abrigar alunos do Ensino Médio do Município, não houve o menor respeito e preocupação com o bem-estar da população", afirma Emídia Leitão, presidente da ABCD. Segundo ela, as denúncias foram feitas pela Associação desde o início da construção, em abril de 2009. A entidade buscou a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, em julho do ano passado.
"Já em agosto, a Comissão enviou ao local uma equipe técnica, formada por dois biólogos e um engenheiro de pesca. Foi constatado pelos técnicos da Comissão do Meio Ambiente, irregularidades, como as que levaram a denunciarmos e ainda constando do relatório técnico a falta de placa de licença, que fere a legislação federal 11.445/2007", conta Emídia. Depois foi marcada a audiência pública que ocorreu agora no fim de junho, na Assembleia.
Importância
Para a ABCD, a solução seria a construção da Lagoa em outro local. "Temos consciência da importância do sistema de esgoto para saúde pública da população, só que o depósito desses dejetos deve ser em local apropriado e que não cause um mal maior a população, pois apenas a plantação de um cinturão verde, às margens da Lagoa, como sugerido pela Semace, não vai resolver o problema", diz Emídia, ressaltando que a entidade reconhece a importância da obra para o Município.
"Agora, você imagine uma lagoa de estabilização, no meio das residências exalando mau cheiro a partir do processo de maturação de esgotos sanitários", questiona a presidente.
Para o vereador Cleuto Bezerra, a obra é de muita importância para o Município. Ele considera que, após a conclusão do projeto, a cidade será beneficiada com o esgotamento sanitário. Porém, aponta que apresenta inadequações, como proximidade com a escola e os prejuízos que trará para algumas residências na área do Bairro Bom Princípio. "Praticamente a metade de Ipaporanga será beneficiada com a obra, que é importante para todos, mas sou contra o local. Tem a escola e o mau cheiro devido à posição favorável aos ventos. A poluição chegará às casas", analisa.
Moradores também confirmam a contrariedade quanto ao local da lagoa. O motorista Francisco Henrique Sousa reclama do local. "É junto da Escola e vai prejudicar os alunos", diz.
Prejuízos
A agricultora Maria Nivalda declara: "A lagoa está no lugar errado. Vai prejudicar os alunos e as pessoas que moram perto, deveria ser feita em outro local". Para Maria Lurdes Barros, que reside próximo à obra, "ali não é o local certo, seremos prejudicados com a construção". Sobre os encaminhamentos da audiência realizada na Assembleia Legislativa, no último dia 29, Emídia Leitão afirma que foram bastante válidos. "Levamos o problema ao conhecimento público e aguardamos agora encontrar uma solução".
De acordo com ela, a Comissão de Meio Ambiente fará uma nova visita ao Município. "Esta visita terá apoio de técnicos, e serão convidados representantes da Semace, da Funasa, além da presença de um deputado, posterior ao recesso".
"E a Semace se comprometeu em tomar providências tendo em vista a continuidade da obra, com licença vencida, haja vista que a mesma havia concedido com ressalvas", informa Emídia Leitão.